Os Hebreus - Religião e Cultura

Choose Your Language by Google

O Dilúvio (Parte 2)

Ouça a Narração

O grande cataclismo conforme contado nas crônicas hebraicas


Artistas imaginam um barco, não uma arca
Mesmo discordando em pontos essenciais quanto a forma como teria acontecido, há quase um consenso de que a espécie humana teria surgido em um ponto específico do globo terrestre e a partir dali tenha se espalhado até os mais recônditos lugares do planeta. Existem muitas coincidências nos costumes e na cultura de alguns povos, muitas vezes usadas para justificar a força desta teoria. A história de um dilúvio global é um destes casos. Artigos espalhados pela internet para quem queira procurar dão conta de que haveriam pelo menos 270 casos onde lendas entre antigas civilizações fazem referência a alguma forma de dilúvio.

O dilúvio foi contado entre os Sumérios, os Gregos, os habitantes da ilha de Páscoa, os Mapuches (no Chile), os Maias (na Colômbia), os Incas e os Uros (no Peru), Os Tupi-Guaranis e os Tupinambás (no Brasil), os Hindus (na península da Índia) entre tantos outros, incluindo alguns povos africanos. Estes relatos variam na extensão e abrangência do dilúvio mas compartilham de alguns pontos em comum. Um Deus descontente com os rumos da humanidade resolve destruí-la escolhendo um homem bom para dar-lhe continuidade e salvar aos animais.

Destas histórias antigas talvez nenhuma seja mais conhecida, nem cause tanta polêmica, quanto aquela contada pelos hebreus, conforme relatado na Bíblia. Provavelmente devido ao alcance que este livro tem em nossos dias, dado o número de traduções disponíveis, que alcançam praticamente a todos os povos da atualidade. Mas principalmente por este relato se referir a um dos poucos deuses antigos cuja crença sobrevive até hoje. De modo que o relato hebraico do dilúvio conta com a credibilidade de boa parte da humanidade hoje. O mito hebraico do dilúvio é artigo de fé em todas as religiões derivadas do tronco judaico-cristão original.

Escapa à maioria dos que se debruçam sobre o mito diluviano dos hebreus, estabelecendo comparações com outros mitos semelhantes, que esta história não começa no sexto capítulo da Gêneses. Ele é parte indissociável de um relato maior que começa ainda no primeiro capítulo. E que várias das incongruências alegadas se devem a ignorância deliberada deste fato. 

É no primeiro capítulo da Gêneses, por exemplo, que se encontra a explicação hebraica sobre de onde teria vindo toda a água necessária para cobrir o planeta inteiro. De acordo com o primeiro capítulo da Gêneses, um dos primeiros atos divinos na direção da adequação da Terra para receber os seres vivos teria sido a separação entre a água e a parte seca do planeta logo no chamado segundo dia criativo. Até então a Terra seria inteiramente coberta de água.

O mito da criação hebraico conta como no segundo dia criativo, para expor a parte seca do planeta o Deus teria movido um volume descomunal da água que cobria o planeta para a estratosfera e lá o teria deixado, orbitando o planeta, até trazê-lo de volta, no dilúvio.


"E disse Deus: Haja uma expansão no meio das águas, e haja separação entre águas e águas.

E fez Deus a expansão, e fez separação entre as águas que estavam debaixo da expansão e as águas que estavam sobre a expansão; e assim foi.E chamou Deus à expansão Céus, e foi a tarde e a manhã, o dia segundo." 


A história do dilúvio conta portanto como a Terra voltou a sua condição original, antes da intervenção divina narrada no primeiro capítulo da Gêneses. Quanto a para onde teria ido toda esta água depois do dilúvio é objeto de especulação, uma vez que o relato não aborda esta questão.


A ciência não explica como três átomos que separadamente formam moléculas de  ar tomam a configuração coloidal da água ao se juntarem. Mas não pode fugir à conclusão de que a água é essencialmente composta de ar. E que é relativamente fácil quebrar a união entre os átomos de oxigênio e hidrogênio que formam a água. Mesmo assim, ainda que todo o oxigênio e o hidrogênio contidos na atmosfera hoje se juntasse para formar água, estariam longe de cobrir o planeta inteiro. Mas sabemos também que existe um provável limite para o campo gravitacional da Terra conter a atmosfera a partir de uma certa altura. De modo que não seria difícil teorizar que a água do dilúvio hebraico pudesse estar perdida no espaço, diluída em átomos de hidrogênio e oxigênio.

Muitos argumentos em bases alegadamente científicas tem sido usados para negar a possibilidade de um dilúvio nos moldes daquele contado pelos hebreus. No entanto, observamos que não existe um estudo científico sério sobre as condições narradas pelos antigos hebreus em seus escritos. Na medida em que a simples sugestão para que se leve a cabo um estudo que conduza a teorias em bases estritamente científicas sobre as possibilidades do dilúvio provocam risos nos cientistas, o uso de argumentos científicos para negá-lo, além de contraditório e tendencioso, chega a ser desonesto.

O Dilúvio (Parte 1)

O grande cataclismo conforme contado nas crônicas hebraicas


No princípio da epopeia humana, quando o Deus ainda criaria os Céus (o universo visível aos nossos olhos) e a Terra, já existia vida. O Deus não estava mais só no universo invisível crido pelos hebreus (também chamado de Céu). O livro da história de conta que, quando o Deus lançou os fundamentos da Terra, "as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus jubilavam". Jó 38:7

Muitos milhares de anos depois, quando a humanidade se encontraria em avançado grau de deterioração moral a partir do exemplo deixado pelo casal original, eis que alguns destes mesmos filhos de Deus, que jubilaram com a povoação da Terra, viriam a se interessar pelas filhas dos homens, que por sua vez se permitiram envolver-se por eles. Esta associação nefasta entre os seres celestiais, que abandonaram suas posições para fazer aquilo que não lhes fora determinado, e a humanidade daria origem a seres híbridos, chamados Nefilins, o que aumentaria em muito o nível da degradação e violência reinantes. Ao ponto do Deus ter deplorado permitir que o homem se multiplicasse sobre sua obra perfeita. Para evitar que esta situação chegasse ao ponto de por em risco toda a criação, o Deus tomaria uma decisão radical. Obliterar o ser humano da face da Terra.

Uma Serpente que Fala

Segundo a mitologia hebraica a derrocada temporária da humanidade teria partido de uma conversa entre a primeira mulher e uma cobra. A serpente é descrita no relato como sendo o mais arredio e cauteloso dos animais, supostamente por evitar a presença humana, de modo que seria possível Eva ignorar suas reais possibilidades. Seja como for, a mulher não mostra surpresa em ouvir a serpente falar. Talvez ela conhecesse espécies de aves capazes de imitar a fala humana, e por extensão pensasse que outros animais também pudessem falar.

A Gênesis - Do Universo ao Ser Humano (Fiat Lux)


Alguém já ouviu a teoria mais difundida sobre a extinção dos dinossauros?

Versa sobre um provável meteoro que teria se chocado com nosso planeta. E contam que levantou uma tal nuvem de fuligem e pó que, sem a luz do Sol, os dinossauros acabariam por ser extintos.

Já tentou imaginar esta cena? O planeta inteiro envolto na mais completa escuridão, sem forma e vazio?
Pois retenha esta imagem, porque é dela que nós partiremos numa viagem muito interessante. Uma viagem aos primórdios da vida na Terra, sob o ponto de vista de um povo muito antigo.

Ah, ainda falta um detalhe. Você está com a imagem da propensa escuridão em mente? Então acrescente água à nossa receita. Muita água. Mais água. Até que o planeta esteja totalmente submerso. Literalmente um planeta água. Inóspito, aquoso e envolto na mais densa bruma de escuridão que se possa imaginar.

Imaginou? Então estamos prontos para ingressar em nossa viagem.

Faça-se a Luz!